Fundação Zoo-Botânica de Belo Horizonte
Em 1991, a Fundação Zoo-Botânica de Belo Horizonte (FZB-BH) foi criada com o intuito de atuar em prol da pesquisa, conservação e da promoção do lazer e da educação ambiental na capital mineira. Quando criada, a FZB-BH, “herdou uma história de mais de 30 anos”1, porque passou a administrar o Jardim Zoológico, inaugurado em 1959, antes sob a responsabilidade da Prefeitura de Belo Horizonte.
Nessa época, devido aos poucos recursos e à sua precária estrutura administrativa, o zoo se limitava apenas a abrigar animais, sem desenvolver atividades educativas em seu espaço. Foi somente com a criação de uma fundação pública, e com sua proveniente autonomia, que foi possível buscar convênios com instituições de pesquisas, melhorar a captação de recursos e agilizar processos administrativos.
Nesse período de transição, a Fundação integrou o Jardim Botânico, conhecido como Instituto Agronômico, ao espaço do zoológico. Posteriormente, parte do terreno ocupado pelo Instituto Agronômico no Horto Florestal, foi cedido à UFMG, onde, posteriormente, a Universidade instalou seu Museu de História Natural2.
Em 1943, o terreno, atualmente ocupado pelo Jardim Zoológico de Belo Horizonte, estava sendo preparado para a instalação da sede do Golf Club, que fazia parte do projeto de Juscelino Kubistchek para o desenvolvimento da Pampulha enquanto espaço de lazer na cidade. Registros fotográficos evidenciam uma visita feita pelo então prefeito e outras autoridades ao terreno do campo de golfe.
No entanto, o esporte não parece ter obtido grande aceitação de público em Belo Horizonte, o que possivelmente pode ter contribuído para a busca de melhor utilização do terreno. Não se sabe ao certo quanto tempo o Golf Club se manteve em funcionamento ou mesmo o exato momento em que se decidiu transformar seu espaço em zoológico. O que se pode afirmar é que a inauguração do zoo ocorreu em 25 de janeiro de 1959.
O Jardim Zoológico: uma Arca de Noé moderna
Durante sua trajetória, o Jardim Zoológico vem atuando em prol da preservação de várias espécies de animais e abandonando cada vez mais a imagem de espaço apenas para a exposição deles. De acordo com o presidente da Fundação Zoo-Botânica, o biólogo Gladstone Corrêa Araújo, os zoológicos modernos são “instituições que, além de proporcionar o lazer saudável, também tem por objetivo atuar na preservação das espécies, em prol da pesquisa científica e da educação ambiental”. Uma das propostas dos zoos modernos é manter animais em boas condições para que, quando necessário, possam ser reintroduzidos na natureza. “É uma Arca de Noé moderna”, considera Gladstone Corrêa Araújo.
Para executar o trabalho de educação ambiental, desenvolver suas pesquisas e envolver o público, a Fundação Zoo-Botânica tem buscado investir na criação de novas atrações e espaços que possibilitem a integração entre seus trabalhos educacionais e pesquisas, de forma acessível aos visitantes.
Em 1996, foi criado no Jardim Zoológico o primeiro borboletário público da América do Sul. Nesse espaço, são realizadas atividades educativas sobre a importância das borboletas no processo de polinização, ao mesmo tempo em que se busca “excluir alguns estigmas construídos pelo senso comum, como o de que o pó de borboleta pode fazer uma pessoa ficar cega, ou que as borboletas são símbolo de azar”, explica o presidente da Fundação Zoo-Botânica.
Ampliando a área de atuação da FZB-BH, em maio de 2004, foi inaugurado o Parque Ecológico da Pampulha, denominado Promotor Francisco Lins do Rêgo. Sob a administração da Fundação Zoo-Botânica, o Parque foi criado em um terreno originado de acúmulo de sedimentos retirados do fundo da Lagoa da Pampulha, e se tornou um dos principais espaços verdes da cidade, voltado a pratica do lazer e à educação ambiental.
Em 2008, durante as comemorações do centenário da imigração japonesa, foi instalado no zoológico o Jardim Japonês. Segundo Gadstone Corrêa Araújo, além de ser “um recanto muito agradável”, o jardim “resgata um pouco da influência do povo japonês no Brasil”. Nos 5 mil metros quadrados de área ocupada pelo jardim, foram dispostos diversos elementos simbólicos da cultura japonesa, como o portal de entrada denominado Torii, as duas lanternas de pedra (Torôs), a ponte (Taiko Bashi ) e a casa de chá (Sukiya). O jardim ainda é formado por um lago de carpas coloridas, cascatas artificiais, árvores típicas como o pinheiro oriental, a cerejeira, a azaleia e o bambu3.
Diversificando ainda mais a gama de atividades desenvolvidas no zoológico, em 2010, foi inaugurado o Aquário de água doce de 3 mil metros quadrados, o qual reúne espécies de peixes típicos da bacia do rio São Francisco. Os visitantes do aquário têm a oportunidade de conhecer “1.200 peixes de 40 espécies distribuídos em 22 recintos com 1 milhão de litros de água”4. Para Gladstone Corrêa Araújo, o aquário se torna ainda mais interessante por revelar o que acontece e que nós normalmente não conseguimos perceber sob as águas do rio: “Você consegue ver o rio por baixo e assim enxergar como são as culturas pelas quais o rio atravessa”.
O gorila Idi Amin
Em meio à criação de novas atrações, no ano de 2012, o Jardim Zoológico perdeu um de seus mais ilustres moradores. O gorila Idi Amin, responsável por atrair diversos visitantes que faziam questão de comparecer ao zoológico apenas ou principalmente para vê-lo, faleceu aos 37 anos, devido a uma parada cardiorrespiratória.
Com apenas 2 anos, Idi Amin chegou ao Jardim Zoológico de Belo Horizonte em 1972, vindo de uma instituição francesa. O gorila permanecia sem uma parceira havia 27 anos, quando em setembro de 2011 duas fêmeas vindas da Inglaterra, denominadas: Imbi e Kifta, passaram a dividir o recinto com o gorila.
O corpo de Idi Amin está no Museu de Ciências Naturais da Pontifícia Universidade Católica (PUC-MG), onde passa pelo longo processo de preparação para ser empalhado e, posteriormente, exposto no próprio Museu.
Futuro
Para o futuro, a Fundação Zoo-Botânica conta com muitos projetos. Dentre eles há um voltado para a melhoria na infraestrutura dos recintos dos animais, adaptado às novas necessidades de manejo das espécies. “Projetos sempre temos, porque a Fundação é uma instituição viva, sempre em desenvolvimento. No entanto nem sempre contamos com os recursos para implementar. Mas a vontade de fazer e de crescer é permanente”, afirma Gladstone Corrêa Araújo.
Segundo o presidente da Fundação Zoo-Botânica, os projetos são inspirados em exemplos de outras instituições, discutidos e idealizados pela equipe da Fundação. Contudo as ideias também podem surgir por meio de sugestões de visitantes e pelo Conselho Curador, composto por pessoas que atuam nas áreas de pesquisa e educação ambiental.
Um dos projetos mais aguardados e que ainda não pôde ser executado, é a revitalização do prédio ocupado pela Fundação Zoo-Botânica. Originalmente projetado por Oscar Niemeyer para abrigar a sede do Golf Club, o prédio não apresenta as condições necessárias para se desenvolver as atividades administrativas da Fundação Zoo-Botânica, apesar de estar em bom estado.
A sede é tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA) e pelo Patrimônio Municipal, e tem sua proposta de restauração inscrita no Programa de Aceleração do Crescimento do Governo Federal, o PAC Cultural. Contudo ainda não há previsão para o início da revitalização.
Visitas
Às terças-feiras não é cobrado entrada no zoológico. De quarta a sábado é cobrado o valor de R$2 e aos domingos e feriados: R$4.
A Fundação Zoo-Botânica também permite visitas noturnas e visitas guiadas de escolas do ensino básico e fundamental, instituições de ensino superior e de pesquisa. Durante as visitas, são promovidas atividades interativas em que os visitantes podem até mesmo tocar em determinados animais.
Para mais informações sobre as visitas noturnas e guiadas entre em contato pelos telefones (31) 3277-7100/ (31) 3277-8489.