Os frequentadores do Parque Ecológico da Pampulha, denominado Promotor Francisco Lins do Rêgo, que não conhecem a sua história, talvez ignorem o fato de que a área verde que atualmente ocupa 30 hectares teve origem a partir do acúmulo de sedimentos retirados do fundo da Lagoa da Pampulha. Foi somente a partir de 1997, que o terreno até então conhecido como Ilha da Ressaca começou a ganhar novo aspecto, após passar por intervenções que o transformaram em um dos principais espaços voltados à educação ambiental, lazer e descanso de Belo Horizonte.
A criação do parque foi viabilizada por meio do programa Pampulha para Todos, desenvolvido pela prefeitura de Belo Horizonte, que tinha por objetivo promover a recuperação da região da Pampulha através de um conjunto de ações, que incluíam a construção do novo vertedouro da lagoa, a recuperação da orla, a reforma da Casa do Baile e a construção de uma estação de tratamento de água, essa última em parceria com a Copasa.1
O projeto do Parque Ecológico da Pampulha foi concebido pelos arquitetos Gustavo Penna e Álvaro Hardy, que pensaram toda a sua estrutura em diálogo com o projeto do Conjunto Arquitetônico e Paisagístico de Oscar Niemeyer para a orla da Lagoa da Pampulha. Tal preocupação despertou a atenção de Niemeyer, que enviou uma correspondência à Penna e Hardy com os seguintes dizeres: “Examinei os projetos elaborados para a orla e o parque ecológico da Pampulha. Agrada-me elogiar a qualidade arquitetônica desses projetos, a integração no local e o respeito à arquitetura existente”.2
A primeira intervenção na Ilha da Ressaca, em 1997, ocorreu por meio do plantio de três mil mudas de árvores representantes dos ecossistemas da Amazônia, da Mata Atlântica e do Cerrado. A organização do espaço foi realizada pela delimitação de cinco áreas internas: a Esplanada, onde foi instalado o suporte administrativo; a Área Reflorestada, utilizada para o trabalho de educação ambiental, banco de sementes e trilhas ecológicas; a Área Alagada, composta pelo Lago das Capivaras, destinado à pesquisa científica e à visitação monitorada; a Reserva de Uso Restrito, área de proteção ambiental, e a Enseada, área destinada ao lazer educativo.3
Para o conforto e entretenimento dos frequentadores, o parque foi equipado com sanitários, lanchonete, bebedouros, instrumentos de ginástica, playground, bancos, , recantos com pérgulas, e pistas para caminhada e ciclismo. No espaço interno do parque é proibida a utilização de veículos automotores. Em contrapartida é incentivada a utilização de bicicletas por meio de seu empréstimo gratuito no próprio local, mediante a apresentação de um documento de identificação.
Essa iniciativa foi inspirada no “Plano das Bicicletas Brancas”, iniciado em 1968, na cidade de Amsterdã. Por meio do plano, “Bicicletas brancas eram distribuídas pela cidade para que qualquer cidadão as utilizasse para se locomover. Os ciclistas as deixavam em seu local de destino para que uma próxima pessoa pudesse usá-las. A cor branca demonstrava que a bicicleta era coletiva, ou seja, pertencia a todos.” 4
O parque foi inaugurado em 21 de maio de 2004 e desde então recebe diversos frequentadores vindos de bairros próximos ou mesmo de regiões mais afastadas da Pampulha. Nos fins de semanas, quando o parque é aberto para o público em geral, no horizonte se avista um céu colorido por pipas, o gramado do parque servindo de campo para as crianças que arriscam disputar uma partida de futebol, ao mesmo tempo em que é utilizado para a realização de piqueniques ou mesmo somente para o ócio.
Todas essas atividades são realizadas em sum espaço que abriga além de seus visitantes, pássaros, “capivara, furão, garça-branca-grande, martim-pescador-grande e biguá, além de iguana, camaleãozinho, jacaré-de-papo-amarelo, sapo e rã”,5 entre outros, que por ali circulam.
Memorial da Imigração Japonesa
Dentre as poucas construções existentes no parque que privilegia o espaço verde, se destaca o Memorial da Imigração Japonesa, que celebra a amizade entre a população japonesa e a mineira. Inaugurado em 2009, um ano após a comemoração do centenário da imigração japonesa para o Brasil, o pavilhão composto por uma sala com seu interior pintado totalmente em vermelho, construído sobre o espelho d’água, projetado por Gustavo Penna e Mariza Machado Coelho.
Os arquitetos buscaram expressar nas formas da edificação a aproximação entre essas duas populações. Elo que pode ser identificado na representação do percurso do Japão até Minas apresentado na disposição das cerejeiras e pelos ipês-brancos colocados em entradas opostas do memorial, que se ligam através das rampas curvas que dão acesso ao interior da edificação.6
Serviços
Sob a administração da Fundação Zoo-Botânica de Belo Horizonte, com sede no Jardim Zoológico, do qual também é responsável, bem como pelo Jardim Botânico, o Parque Ecológico da Pampulha em parceria com a BHTrans, desenvolve em seu espaço atividades permanentes de pesquisa científica, educação ambiental, cultural, patrimonial e para o trânsito. Essas atividades são ofertadas de terça a quinta-feira, durante visitas monitoradas de grupos agendados. De sexta a domingo, a entrada é liberada para o público em geral, que pode utilizar as bicicletas disponíveis e visitar o Memorial da Imigração Japonesa.