O compositor, músico, poeta e professor Wellington Guimarães - conhecido como Ton Guimarães - tem se destacado no cenário musical nacional, integrando a banda “Pedras pra moer” e trouxe para a sua formação artística influências do bairro Jardim Montanhês, onde passou boa parte de sua infância.Foi na escola Elizeu Laborne e Valle que Ton cursou o Ensino Fundamental e, o Ensino Médio, na escola Professor Morais. Posteriormente, formou-se em Letras pela Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Teatro e Literatura
No Grupo de Jovens da igreja, Ton teve seu primeiro contato com teatro e na escola Elizeu Laborne e Valle, ele sempre transformava os trabalhos de Literatura em peças teatrais. Futuramente, essa foi a inspiração para que ele realizasse uma pesquisa acadêmica fomentada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnologia (CNPq), que incentiva o uso do Teatro como ferramenta didática para o ensino de Literatura. Profissionalmente, o contato de Ton com o teatro começou em 1993, quando fez seu primeiro curso no Núcleo de Estudos Teatrais (NET), onde conheceu os integrantes que vieram a formar a banda “Pedras pra moer”.
Pedras pra moer
O nome “Pedras pra moer” surgiu de uma música, que ainda não entrou no repertório da banda, composta por Ton e Arthur Rodrigues, em que falavam de um personagem passando por angústias devido ao fim de um relacionamento: “como vão ficar as minhas noites/se terei sua ausência como bom dia?/Quero pedras pra moer e encurtar dias vazios”. Para abrandar a dor, o personagem investe em serviços pesados, como moer pedras, daí a sugestão do nome da banda dada por Ton. Além disso, o nome é uma referência ao livro “Amor nos tempos do cólera”, de García Márquez, em que “Pedras de moer” trata-se do nome de uma cidade fictícia criada pelos personagens principais para corresponderem-se sigilosamente. “Sempre tivemos preocupação com a qualidade das músicas e, principalmente, sempre buscamos passar uma mensagem através delas. Nem sempre essas mensagens são explícitas, às vezes é preciso ‘moer pedras’ para encontrá-las. Em minha viagem, cada música (e cada um de nós) é uma ‘pedra pra moer’”, comenta Ton.
Os ensaios do grupo começaram no território livre do Jardim Montanhês, no porão da casa de Ton, na rua Dr. Baleeiro, número 47. “Por muitos anos, tornamos os fins de semana dos vizinhos bem barulhentos”, diz Ton, que compõe e faz poesias desde criança.
O site oficial da banda a define assim: “O ‘Pedras pra Moer’ é uma banda de estilo versátil. Com uma formação de rock clássico, a banda utiliza elementos de diversos estilos musicais em suas composições, seja flertando com o trip-hop, o funk, ou até experimentando o drum n' bass, seus integrantes criaram uma vertente elaborada e criativa de rock alternativo. A trajetória do grupo começa em meados dos anos 90 em Belo Horizonte, com as composições dos amigos mineiros Arthur Rodrigues e Ton Guimarães. Atores por vocação, eles também partilhavam o desejo de serem músicos.
Em 2003, com as letras intrigantes de Ton e as harmonias inusitadas de Arthur debaixo do braço, eles partiram para o Rio de Janeiro a fim de completarem a formação da banda e dar seguimento às antigas ideias. Juntaram-se a André Pfefer (guitarras), Cristiano de Abreu (baixo) e Pedro Mello (bateria e percussão), músicos mais experimentados na cena carioca, e formaram um repertório a fim de iniciarem as apresentações ao vivo.
Já baseados no Rio de Janeiro, o também mineiro Daniel de Oliveira, amigo antigo dos dois compositores mineiros e coautor de algumas das letras da banda, tornou-se o vocalista, juntamente com Ton. Daniel é ator e interpreta o cantor Cazuza no filme homônimo de Sandra Werneck”.
Jardim Montanhês
“Vou sempre no Jardim Montanhês, pois esse é meu bairro quando estou em Belo Horizonte. Infelizmente, venho constatando o aumento da violência no bairro e sinto que pouco se faz para mudar esse quadro. Um exemplo é o mau policiamento no local. Pode-se contar nos dedos as viaturas ou policiais que rondam o bairro por dia. É uma pena.”
Pedras Pra Moer
Engraçado que eu te ouvi gemendo,
Que eu te ouvi gritando tão louca,tão fera
Engraçado que eu te vi distante
Expelindo alegria quixotesca
Mas você me escondeu esse pegueno sorriso
Tão maior que o orgasmo histérico de minutos atrás
Achei os seus olhos lindos, mais não suportei tamanha
carência;
Lembram os olhos do espelho.
Queria levantar calado,
Evitar seus olhos como tantos que ignorei
Sinceramente queria me lembrar do seu nome