Eles representam o mundo através do lúdico. Transportam mensagens de alegria e de esperança por meio da representação. Extrapolam os limites da comunidade e levam a arte para pessoas de creches, asilos e hospitais. Essa é a proposta dos membros do grupo de teatro "Civilização de Amor", formado por jovens católicos que participam da paróquia Santa Margarida Maria Alacóque. Com essa postura, o grupo acaba por usar a arte dramática como instrumento de evangelização e de sociabilização.
O "Civilização de Amor" originou-se de um grupo de jovens chamado "Fênix" que, em 1999, iniciou uma nova fase, voltando suas atividades para o teatro. Começaram fazendo peças ligadas a temas da Igreja, mas viram que não podiam viver sem fazer outras peças. Foi daí que passaram a produzir peças em datas específicas, como Dia das Mães e Dia das Crianças, entre outros, apresentadas em creches, asilos e hospitais, além da própria igreja.
As peças são, muitas vezes, escritas ou adaptadas por eles mesmos. Também são eles quem colocam a "mão na massa" para arrecadar fundos que ajudarão nos custos com figurino, cenário, iluminação e som. Thiago Giovanni Santos Ribeiro e Helena Lourenço Moreira, integrantes do grupo contam que é comum fazerem bazar na porta da igreja e festas para arrecadar dinheiro para manter o "Civilização de Amor". O aparelho de som foi comprado depois de muita festa e bazar. O figurino e o cenário são feitos por eles mesmos, muitas vezes com materiais improvisados, como garrafas pet e sacos. Quando precisam de algum figurino diferente, eles pedem ajuda a costureiras.
Helena e Thiago, embora não morem no Jardim Montanhês, têm uma forte ligação com o bairro, por frequentarem a paróquia Santa Margarida Maria Alacóque desde pequenos. Thiago também é coordenador da Crisma e participa das aulas de francês ministradas por membros da comunidade Chemin Neuf, que atua na paróquia.
O grupo em hospital de Belo Horizonte
Formação
O grupo "Civilização de Amor" foi fundado por Sérgio Henrique que, em 2005, deixou a coordenação para buscar novos conhecimentos sobre teatro. A ideia é que o grupo passe a ser um "Ministério do Teatro", o que caracteriza que este é um trabalho sério e responsável de evangelização na paróquia.
De acordo com a peça que estiverem montando, os membros buscam mais pessoas para participar. Helena e Thiago possuem formação de ator e sempre procuram investir nessa área. Assim como eles, outros membros do grupo acabaram descobrindo seu talento para a arte dramática e pretendem dar início à formação. "Muitas pessoas têm vontade de seguir carreira e algumas delas precisam de mais trabalho, pois não têm muita facilidade. A gente ensina o que sabe. É um trabalho contínuo de perseverar para que seja um grupo profissional. Essa é a nossa vontade", conta Helena.
Rotina
Nas quintas-feiras, os coordenadores do "Civilização de Amor", as voluntárias do Chemin Neuf e alguns integrantes se reúnem para preparar o encontro com todos os membros, que acontece nas manhãs de domingo. Na ocasião, o grupo ensaia e discute alguns aspectos relacionados às peças. Quando a peça está prestes a estrear, os ensaios acontecem mais vezes por semana. "A gente não quer fazer o bom. A gente quer o melhor, quer o ótimo", comenta Helena.
O teatro como evangelização
Como possui o propósito de evangelização, a maioria das peças é representada dentro da igreja. Quando a peça exige uma estrutura maior, o grupo se apresenta numa quadra próxima a ela.
O caráter religioso é visto nos temas que as peças tratam. Quando não estão diretamente ligadas à Bíblia, são direcionadas para a caridade e reproduzem situações da realidade, como a violência e as drogas. "O retorno é muito positivo. O pessoal adora. Quando apresentamos em hospitais, o teatro, com sua animação, tira as pessoas do baixo astral e sempre eles pedem para a gente voltar", diz Thiago.
Reflexões
"Para mim, estar no grupo é maravilhoso e transformou minha vida para melhor: os meus melhores amigos estão no grupo, há companheirismo, união e é um exemplo de vida." Thiago Giovanni Santos Ribeiro
"Nosso estado de espírito melhora com o grupo. Resgatamos o sentido amplo de fé, de autoestima. Nós estamos no grupo com amigos queridos e passamos a encarar a semana com mais tranquilidade. O que nos toca mais é quando a gente vai para fora da paróquia, em hospitais e creches." Helena Lourenço Moreira