Todo o quarteirão entre a Avenida Dom Pedro II, a rua Alvorada, a rua Moema e a rua Bom Retiro, pertencia à família do Sr. Gustavo (um alemão que teria vindo para o Brasil mais ou menos na mesma época em que o fez meu pai).
Sua residência foi erguida com a parte frontal para a rua Alvorada e, na lateral, que pendia para a avenida, havia anexa uma pequena coberta onde funcionava a centrífuga com a qual ele retirava o mel das colméias. Era um mel clarinho, típico desse produto oriundo da florada do eucalipto, em abundância no local. No terreno também havia algumas mangueiras, goiabeiras e até um pé de carambolas.
A futura avenida Dom Pedro II não passava de um córrego ao fundo de uma depressão (neste quarteirão) de uns três metros ou mais, uma pequena trilha de cada lado e, o resto, dominado pelo mato. As outras ruas, ao seu redor, eram de terra batida; muita poeira no tempo seco e muita lama na chuva.
A família do Sr. Gustavo fazia questão do trajar típico germânico. Seleta no dinamismo e na cultura, destacava-se entre as outras, não muitas, que por aqui já haviam se instalado.
O mel por eles produzido era de ótima qualidade, apesar da diminuta concorrência. Podia-se comprar direto do produtor, fazendo soar um pequeno sino instalado no portão principal.
Sua pequena porém importante indústria era alvo de excursões agendadas pelos grupos escolares, quando, com toda a paciência do produtor, os alunos ganhavam pequenas amostras de mel e uma doce aula sobre o assunto.
Isso faz parte da memória das origens do nosso bairro, porque o tempo não perdoa. Sr. Gustavo e D. Madalena já faleceram e, hoje, apenas um de seus filhos, o João, ainda trabalha no ramo, próximo à cidade de Santa Bárbara. E o Francisco é o único residente em um pequeno lote, dentro do quarteirão, com frente para a rua Moema.
Essa foi uma doce fase da nossa infância, guardada com carinho no coração de quem, criança, ali, comigo, compartilhou esse tempo. Ficou a saudade.