Nasci em 7 de setembro de 1942, na rua Marambaia, no bairro Carlos Prates, Belo Horizonte (MG). Minha tia Geralda morava no Jardim Montanhês. Ela era cartomante e era muito visitada porque todo mundo queria saber das coisas. Meu pai montou uma farmácia no bairro de minha tia, em 1960, e, então, passamos a morar com ela.
A casa da minha tia Geralda, que era cartomante, ficava sempre cheia de gente. Ela era casamenteira também. Tinha muita fé em Santo Antônio. Sempre que alguém queria se casar, pedia a ela para rezar para Santo Antônio. Ela acendia duas velas, as amarrava com duas fitas, uma azul e outra rosa e rezava para o santo. Muita gente se casou por causa dos pedidos dela.
Uma vez, o filho de uma cabeleireira chamada Celi adoeceu. Ela procurou minha tia chorando e disse: "Olha, como é que eu vou fazer, o médico disse que o menino está com reumatismo infeccioso e ele parou de andar". Ela, então, aconselhou a mãe a levar a criança à farmácia e disse a ela que Santo Antônio iria curar o menino. Meu pai fez um tratamento e, depois, o menino andou.
Foi essa minha tia quem me ajudou a arrumar meu primeiro emprego, quando tinha 14 anos, na Flora Santo Antônio, onde ela comprava as velas. Fiquei um ano nessa flora e, depois que meu pai montou a farmácia, fui trabalhar com ele. Hoje, eu sou enfermeira aposentada, técnica em radiologia.
Quando fiz 22 anos, conheci o Vaz Batera, que viria a ser meu marido. Ele foi tocar no Orion, numa "Hora Dançante" e eu fui dançar. A gente se conheceu e, quando ele falou que morava no Jardim Montanhês, descobrimos que éramos vizinhos e não sabíamos. Começamos, então, a namorar.
Certo dia, eu estava na esquina da Rua Retiro, esperando por ele, e havia alguns meninos jogando futebol em um campinho, na Av. Pedro II. De repente, veio um avião caindo, e o piloto pediu a todos para saírem, porque ele ia pousar naquele lugar. O avião caiu e as duas pessoas que nele estavam morreram. Eram amigos do Vaz. O avião afundou de bico, dois metros para baixo. Só conseguiram tirar o avião depois de muitas horas.
Eu e minha irmã íamos muito no campo de aviação. Ela namorou um piloto, que costumava deixar a gente pilotar o avião. Um dia, falei com ele: "Vamos tirar um raso na casa do meu pai?" Ele então me ensinou como fazer e eu passei rasante pela casa. Quando cheguei em casa, minha mãe falou: "Você acredita que hoje passou um avião aqui que quase arrancou o meu telhado?" Eu não falei nada. Só tremi. Pensei que o avião poderia ter caído e matado todo o mundo lá dentro.
Depois que me casei, em 1968, fui para o Rio de Janeiro com meu marido. Nessa época, já tinha duas crianças pequenas e era muito difícil. A gente não conhecia a cidade. Mas acabei fazendo televisão e cinema. Participei dos filmes "Saltimbancos", dos Trapalhões, e "Um paraíba no Rio"; e das novelas "Sétimo Sentido" e "Elas por elas".