No dia 24 de agosto eu e minha colega de trabalho, Marina Camisasca, visitamos a Escola Estadual Eliseu Laborne e Vale. Na ocasião enquanto aguardávamos a diretora e a orientadora pedagógica da escola buscar algumas fotos antigas da instituição, uma mulher que estava na sala dos professores, onde aguardávamos, começou a nos contar sobre o tempo em que vivia no bairro Jardim Montanhês.
Entre uma fala e outra ela se lembrou de uma amiga, de nome Fátima Porto, que conhecia muitas histórias sobre a origem do bairro. Histórias que divergiam de outras contadas pela população. Diante daquela informação, nos interessamos em encontrar aquela senhora, que de repente poderia nos revelar fatos desconhecidos sobre o bairro. Não perdemos tempo, perguntamos a mulher se ela poderia nos passar algum contato de Fátima.
Naquele mesmo dia liguei para Fátima solicitando a entrevista. Assim que falei o objetivo: contar a história do bairro, ela se mostrou disponível. Foi assim, durante uma conversa casual que chegamos no dia 1° de outubro de 2012, uma segunda-feira, à casa de Maria de Fátima dos Santos Porto, conhecida como Fátima Porto.
Antes de chegar à casa situada na Avenida Pandiá Calógeras, a alguns quarteirões da escola Estadual Eliseu Laborne e Vale, tentei falar com Fátima para avisá-la de que iriamos nos atrasar, no entanto, apesar de ligar repetidas vezes, ela não atendia. Decidimos arriscar. Partimos para o Jardim Montanhês. Ao chegar ao bairro perguntamos a alguns transeuntes onde se localizava a casa de Fátima Porto.
Orientadas por um senhor que estava sentado na calçada de uma residência, subimos algumas escadas e da varanda da casa de Fátima conseguimos observar parte do Anel Rodoviário. Após as tentativas frustradas de se tentar falar com Fátima, batemos à porta e começamos a chamar pelo seu nome.
Enfim, Fátima nos atendeu. Entramos e nos sentamos entorno de uma mesa. Após Fátima se despedir de seu filho, começamos a conversar. Sua narrativa teve início com a história de sua vinda para o Jardim Montanhês, segundo ela o bairro Monsenhor Messias.
Nascida em Governador Valadares, ela foi criada em Mantena e veio para Belo Horizonte aos 17 anos. Rememorando a paisagem do antigo Jardim Montanhês, falou sobre aspectos do bairro referentes à estrutura urbana e social. Contou sobre a confusão que se faz sobre os limites territoriais dos bairros, e de que maneira determinadas regiões foram batizadas com o nome de personagens conhecidos. Citou ruas e avenidas que existiam, a criação da associação de bairro, as conquistas para a região - alcançadas por meio do orçamento participativo -, e seu trabalho na direção da creche comunitária.
A conversa transcorreu de forma agradável. Fátima narrou cada evento com um sorriso no rosto. Ao final da entrevista ela gentilmente nos mostrou algumas imagens do bairro feitas à época da desocupação do local onde passa a Avenida Pandiá Calógeras. Selecionamos algumas imagens e ela se ofereceu para digitalizar e nos encaminhar via e-mail.
Em seguida fomos convidadas por Fátima a subir até a entrada da casa de seus pais, que fica atrás de sua casa, para visualizarmos o prédio onde funcionou a creche em que ela trabalhou. Daquele ponto, pudemos visualizar um dos campos de futebol do bairro, conhecido como Mineirinho, a Igreja do Chapéu e o prédio da creche.
Após conhecermos um pouco mais sobre o bairro por meio das lembranças de Fátima, com a mesma simpatia com que nos recepcionou, ela se despediu. Logo ela teria que partir para o trabalho e eu e Marina irmos até a Escola Estadual Eliseu Laborne e Vale, onde encontraríamos a orientadora pedagógica.