A parte do bairro Jardim Montanhês onde mora D. Maria das Dores Furiati pareceu-me um pouco mais desenvolvida do que os outros lugares que tive oportunidade de visitar. As casas são mais arrojadas e organizadas, com suas sacadas e portões bem pintados e bem cuidados. Alguns prédios tomam conta da rua e predominam sobre as casas mais antigas da região. Fica claro que os prédios foram construídos há pouco tempo, e me passaram a impressão de descaracterização da organização da arquitetura do bairro que, segundo relato da própria Dona Maria Furiati, era predominantemente de casas.
Fui muito bem recebido pela Dona Maria Furiati, que demonstrou interesse em conhecer um pouco mais sobre o projeto, pois desconhecia as intenções da entrevista. Porém, quando disse a ela que a entrevista seria gravada, senti que ela ficou um pouco retraída. Ao iniciar a entrevista, quando perguntei sobre seus trabalhos na Igreja, Dona Maria me apresentou uma carta escrita por ela e apresentada ao Arcebispo. Dona Maria é uma moradora muito antiga do Jardim Montanhês. Foi muito participativa nos projetos sociais e pastorais da Igreja, mas, atualmente, parece não participar muito da vida cotidiana do bairro. Participa de um projeto na Vila São José que ajuda a pessoas carentes da região. Dona Maria sempre trabalhou como costureira, e o projeto que desenvolve na Vila tem a ver com sua habilidade, pois ensina as mães carentes a costurar.
A casa de Dona Maria possui imagens e fotos de santos católicos. O apego aos familiares também é um aspecto que transparece nas conversas e nas explicações sobre fotografias dos filhos e netos.

Frederico Fernandes Vieira, 17/06/2005