Bernardo Sayão, um dos diretores da Novacap, nasceu em 18 de junho de 1901, na cidade do Rio de Janeiro. Em 1923, formou-se pela Escola Superior de Agronomia e Medicina Veterinária de Belo Horizonte.
No ano de 1941, foi escolhido por Getúlio Vargas para dirigir a implantação de uma Colônia Agrícola no interior de Goiás. Essa seria a primeira de uma série de colônias que o então presidente pretendia implantar no oeste do país. Em 1944, Sayão concluiu a estrada que ligava a Colônia Agrícola, hoje município de Céres, à cidade de Anápolis (GO).
Bernardo Sayão
Fonte: Arquivo Público do Distrito Federal
Em 1956, Sayão foi nomeado diretor da Novacap, alguns meses após assumir o cargo, em novembro do mesmo ano, ele se mudou com toda a família para Brasília. Sayão foi o primeiro engenheiro a se mudar para a cidade e quando chegou não havia ainda casa para se instalar. De acordo com uma das suas filhas, Lia Sayão Sá, “Quando a gente chegou, ainda não havia casa pronta. A nossa terminou com a família dentro. Era ali onde hoje é a Candangolândia, na rua do Sossego” . (COUTO, Ronaldo Costa. Brasília Kubitschek de Oliveira. 6ª Ed. Rio de Janeiro: Record, 2010, p. 111).
Juscelino Kubitschek descreveu o trabalho de Bernardo Sayão em Brasília da seguinte maneira: “Quem olhasse o local onde estava sendo iniciada a construção de Brasília, sempre o veria: chapelão na cabeça; rosto queimado de sol, suando em bica. Estava em toda a parte e sempre em atividade. Reservava para si as tarefas mais árduas e perigosas e as executava com seu inextinguível bom humor. À beleza viril do físico privilegiado aliava-se invejável formação moral. Era bom por natureza e bravo por instinto”. (KUBITSCHEK, Juscelino. Por que construí Brasília. Rio de Janeiro: Bloch Editores, 1975, p. 52).
Sayão era apaixonado pela construção de estradas e trabalhou nas obras de ligação Brasília-Goiânia, Brasília-Anápolis e Brasília-Cristalina-Paracatu. Após dois anos de árduo trabalho, em 1958, Sayão foi encarregado pelo presidente JK de dirigir a construção da estrada Belém-Brasília, que não começou do zero, pois já havia alguns trechos construídos.
No dia 15 de janeiro de 1959, Sayão trabalhava na construção da estrada no estado do Pará, a trinta quilômetros da fronteira com o Maranhão, em plena hiléia amazônica. O ritmo das obras era intenso, onze construtoras participavam da empreitada, eram mais de três mil homens. Uma árvore enorme foi cortada e caiu exatamente sobre a barraca em que estava Bernardo Sayão, de 57 anos. No dia anterior ele havia mandado mudar a barraca de lugar para ficar mais próximo do serviço e por acidente, a árvore tombou sobre ele. Sayão morreu no mesmo dia, dentro de helicóptero que o levava em busca de socorro médico. Foi a primeira pessoa a ser enterrada em Brasília, no cemitério batizado de Campo da Esperança, local que ele mesmo demarcara havia menos de dois anos.